Imprensa livre e comunitária. O jornal de maior circulação e credibilidade do município.


Opinião






Mar de Hespanha - O barão esquecido

      Os registros históricos destacam, entre o baronato de nossa região, os barões de Ayuruoca, Louriçal e Itamarandiba (na Vila do Mar de Hespanha). São citados, também, outros barões situados na grande Mar de Espanha, que compreendia diversos, hoje municípios da mata sul mineira. Em Guarará encontramos o Barão de Cattas Altas, em Além Paraíba o Barão de Além Parahyba, em São João Nepomuceno, o Barão de São João Nepomuceno, e em Aventureiro, o Barão da Conceição; entre outros na região, como os barões de Pontal, Rio Novo, Rio Pardo e Guararema.
     No entanto os registros históricos parecem ignorar, ou colocar em dúvida a existência do Barão de Mar de Hespanha, um barão esquecido na memória local.
    Francisco Inácio de Andrade Goulart teria recebido o título de Barão de Mar de Hespanha concedido por influência do bispo de Grão-Pará Dom Antônio de Macedo Costa e do Comendador Nuno Telmo da Silva Mello junto a Princesa Isabel.
    No blog Além Paraíba-História, Senra Fernandes, afirma que o título fora objeto de disputa por parte do Comendador Simplício José Ferreira da Fonseca, que não o conseguiu devido ao fato de ter sido concedido a Francisco Inácio de Ferreira Goulart.
(Aqui, o sobrenome Andrade é trocado por Ferreira)
    Embora citado como barão no site “http://www.heraldica.genealogias.org/gn_nobrezabr.html”, o Barão de Mar de Hespanha não é mencionado no livro do Arquivo Nobiliárquico Brasileiro.
    Artigos publicados no jornal Diário da Manhã, em junho de 1926 afirmam que "... teve o título cassado em virtude da representação coletiva do povo, porque tendo ele sido nomeado - Barão de Mar de Espanha, - alegou-se que a essa cidade o novo fidalgo só havia ido duas vezes, assim mesmo para fazer parte do tribunal do júri, como... réu." (Supostamente suspeito pela morte de um escravo)
     Segundo o historiador Hélio Vianna, em seu livro “Vultos do Império”, Brasiliana, página 218: “... posteriormente se descobriram, no Arquivo Nacional, mais três concessões de títulos nobiliárquicos. Dentre as quais a de conde de Belém, em 1889, a d. Antônio de Macedo Costa, bispo do Grão-Pará. E o de barão de Mar de Espanha a um fazendeiro, Francisco Inácio de Almeida Goulart, que teve anulado o título por averiguar-se a sua participação no assassinato de um escravo. Também o barão de Itaípe o foi de Santiago, antes de ter aquele título definitivo.”...
(Aqui, o autor confunde a sobrenome Andrade como Almeida).
     O esquecido Barão de Mar de Hespanha – Francisco Inácio de Andrade Goulart nasceu em Santana do Garambéu, em 15 de junho de 1817, e faleceu em Guarará, no dia 3 de outubro de 1896. Foi agraciado com o título em 23 de dezembro de 1887, juntamente com o 2º Barão de Cattas Altas e o Barão de Rio Pardo, por decreto da Princesa Isabel. Era filho do Capitão Manuel Goulart de Andrade e Francisca Inácia Franco.
    Foi casado com Ana Rita Carolina Tostes, com quem teve oito filhos. Segundo a Wikipédia, em 1860 já era conhecido como grande fazendeiro em Guarará e Mar de Espanha. Proprietário da Fazenda "Boa Sorte" foi reconhecido cafeicultor, recebendo menção honrosa nas exposições de Café em Amsterdam e Nice e na 3ª Exposição do Café do Brasil em 8 de setembro de 1885. 
   Uma das mais importantes cidades bases do baronato cafeeiro do seculo XIX,  Mar de Espanha, que merecidamente deveria ter seu nome citado no Arquivo Nobiliárquico Brasileiro, fica esquecida e esquece o barão que teria ostentado seu nome.





Mar de Hespanha – entre a lenda e a história

No terceiro cartel do século XVI, consolidou-se a conquista da parte leste do Mar Mediterrâneo pela Espanha, então sob O governo da Casa de Habsburgo, assim como toda a península ibérica, Córsega, Sicília e o sul da Itália, além de diversos territórios na costa mediterrânea da África. Essa consolidação do domínio territorial firmou-se com a expulsão dos mouros e o controle total da Espanha sobre o Mar Mediterrâneo Leste, que ficou conhecido na época como o Mar de Hespanha.
   No mesmo período, no outro lado do Oceano Atlântico, expandia-se em direção às várzeas a cidade do Rio de Janeiro – fundada próximo ao Morro Cara de Cão em 1565 e transferida para o Morro do Castelo em 1567. Nessas várzeas, havia diversas lagoas, mas uma delas tinha uma característica especial, pois fazia conexão com a Baía de Guanabara, daí porque recebeu o nome de Lagoa do Boqueirão. Certamente, deve ter passado pelo imaginário popular a sua semelhança, em menor escala, com o Mar Mediterrâneo, que faz conexão com o Oceano Atlântico através do Estreito de Gibraltar. Por isso, a lagoa ficou popularmente conhecida como Mar de Hespanha.
   As lagoas, por suas águas estagnadas e lançamento de dejetos, criavam condições de insalubridade, e a necessidade da expansão da cidade tornou necessário o seu aterramento. A Lagoa do Boqueirão da Ajuda, o popular Mar de Espanha, foi aterrada no fim do século XVIII, para a construção do Passeio Público. Com o aterramento, desapareceu o Mar de Hespanha, e a praia em frente passou a ser chamada de Praia das Areias de Hespanha e posteriormente Praia da Lapa, que  também foi aterrada no início do século XX para a construção do Aterro do Flamengo e a construção da Marina da Glória, já no fim do século.
   No mesmo período em que se fazia o aterramento da Lagoa do Boqueirão da Ajuda, iniciava-se o plantio do café nos quintais e chácaras do Rio de Janeiro.  
   A produção cafeeira expandiu-se em direção ao Vale do Paraíba, no início do século XVIII, facilitada pela abertura do Caminho Novo por Garcia Rodrigues Paes. Esse caminho ganhou uma variante conhecida como Caminho do Proença, construído entre 1722 e 1725, que encurtava o trajeto até as Minas Gerais, partindo do Porto de Estrela até Itamaraty (Petrópolis), Correias, Itaipava, Freguesia de Santana de Sebolas (atual Inconfidência) até Paraíba do Sul, onde encontrava o Caminho Novo.
   Nessa mesma época em que se aterrava o Mar de Hespanha, no Rio de Janeiro iniciava-se também a ocupação das Áreas Proibidas (Zona da Mata Mineira) entre o fim do século XVIII e início do século XIX, quando surgiu o Arraial do Cágado (Mar de Hespanha) na Zona da Mata Sul de Minas Gerais.
   Do caminho do Proença, em Santana de Sebolas,  saía uma variante que levava ao Arraial do Cágado, chamado Caminho do Mar de Hespanha.
   Como o Caminho do Mar de Hespanha ganhou esse nome, a história ainda não nos revelou esse hiato, mas algumas evidências podem nos sugerir o caminho das pedras. E quais são essas evidências?
  Custódio Ferreira Leite, o barão de Ayuruoca, requereu o nome Mar de Hespanha para o Arraial do Cágado, quando, em 1851, esse passou à condição de villa. Custódio frequentou a Corte e certamente conhecia o Mar de Hespanha, na Lapa.
   O político, militar, escritor, membro da Academia Brasileira de Letras e historiador barão de Taunay casou-se com Cristina Teixeira Leite, sobrinha-neta do barão de Ayuruoca. Na página 217 do seu livro Histórias brasileiras, publicado em 1874, associou o topônimo Mar de Hespanha como área de alagadiços e tremedaes (terrenos pantanosos). Nasceu no Rio de Janeiro e, certamente, também conheceu a Lagoa do Boqueirão da Ajuda.
   Curiosamente, até o fim do século XIX, o trecho do Rio Paraíba do Sul entre as cidades de Paraíba do Sul e Além Paraíba, na época das cheias, produzia grandes alagadiços. Já no fim do século XVIII, essa região era conhecida como Sertões do Mar de Hespanha.
  A lenda pela qual se atribui a origem do nome da cidade de Mar de Espanha, adotada oficialmente e atribuída ao Padre Hipólito de Oliveira Campos, em 1891, é considerada um disparate pelo historiador Celso Falabella de Figueiredo Castro. A lenda associa o nome Mar de Hespanha, dado a um ponto de travessia de barcas no Rio Paraíba do Sul, a uma exclamação de um espanhol, que na verdade seria mameluco.

   O ilustre historiador, em correspondência em que trocamos, entre os anos de 2005 e 2007, incentivou-me a continuar a pesquisa com base nas evidências levantadas, as quais considerou como muito prováveis, e fez a citação da seguinte frase: “a lenda é um andor de nuvens, que carrega em seu bojo apenas a esperança da verdade”.


Mar de Espanha, o Mar da Lapa

No JORNAL DO BRASIL (digital) caderno JBlogs - Rio Antigo (www.jblog.com.br/rioantigo.php) arquivo de fevereiro de 2011 (february 2011), foi publicada a matéria (que reproduzimos parcialmente) de Paulo Pacini, com o título A Praia da Lapa.
  Nela consta, como mais uma prova que consolida a teoria, por mim apresentada, sobre o primeiro topônimo Mar de Espanha (que teria dado origem aos outros Mares de Espanha), tanto  o na região do Rio Paraíba do Sul,(na divisa entre os estados de Minas e Rio de Janeiro), quanto o na região do Mucugê, na Chapada Diamantina (Bahia). Pelo texto, pode-se comprovar que o topônimo já existia, antes de 1751, data em que se iniciou a construção da Igreja da Lapa.


22/02/2011 - 08:46 | Enviado por: Paulo Pacini

.....................................................................................
Em 1835, uma grande ressaca atingia a cidade, causando destruição generalizada, principalmente nas casas situadas na Rua da Lapa, as quais faziam fundo com o mar. O impacto das ondas progressivamente erodiu o terreno, levando consigo também os locais de desembarque de mercadorias, as quais vinham preferencialmente por via marítima. Este sinistro tornou evidente a necessidade de proteger esta faixa do litoral, e, tempos depois, em 1857, é promulgado um decreto ordenando a execução de obras no local.

Praia da Lapa
A Lapa de 1902, ainda banhada pelo mar

Conhecida originalmente como Areias de Espanha ou Mar de Espanha, antes da existência do seminário religioso que mudou o nome do bairro, a praia teve os trabalhos concluídos em 1861, constando de um cais em curva sobre uma muralha que ficava um metro acima do mar, uma rua com 15 metros, acompanhando o cais, e um paredão na parte alta da Rua da Glória. Também foram plantadas árvores, para fornecer sombra aos pedestres, transformando a velha praia em uma atração, por onde se caminhava desde o Passeio Público, tendo o mar ao lado.
........................................................................................... 

A Ditadura do Comissariado

    Se na tentativa de impedir que a maioria aprove um projeto fundamentado em lei, a presidência de uma casa legislativa resolver colocar a decisão sob um parecer de uma comissão, sem que esse parecer seja apreciado e votado pela plenária, principalmente, se essa comissão apresenta pareceres em separado e discordantes, claramente pretende-se implantar a ditadura do comissariado.
   Pior ainda, se esse parecer, equivocadamente, entende como inconstitucional o que está claramente escrito na constituição (quer seja federal, estadual ou municipal) ele está se dando ao direito isolado de outorgar-se constituinte, pois contesta a constituição vigente.
   Ora, se o objetivo da implantação da ditadura do comissariado é dispensar os demais membros do trabalho e desconforto de votar, assim como também, em outros casos já se dispensou o povo de ter que sair de casa para o incomodo de votar, preferindo estabelecer um colégio eleitoral para realizar esse esforço, temos uma ditadura do comissariado ampliada.
   Já que é esse o objetivo, então se poderia economizar bastante dinheiro público. Ao invés de eleger um senado, um congresso, uma assembléia ou uma câmara de vereadores, poderia se estabelecer apenas um comissariado. Para exemplificar; num município de treze mil habitantes, ao invés de eleger nove vereadores, se elegeria apenas dois membros de comissão, (já que a decisão sobre um projeto ir à votação ou ser arquivado é de apenas dois, em uma comissão). Estabelecido apenas o comissariado, uma cidade economizaria cerca de 77%, das despesas legislativas, o que daria para construir uma escola nova todo ano.
   Antes que alguém leve isso a sério, deixem-me explicar que se trata, apenas, de uma piada sofismática. Uma piada para ridicularizar a ação farsante dos autocratas que se sentem acima da lei, da democracia e da justiça. Farsa de um cenário típico de cidades fantasiosas tipo Macondo ou Sucupira.
   O verdadeiro conceito que defendo é pela ampliação da democracia, até evoluirmos da democracia representativa para a democracia participativa. Com a universalização do acesso á tecnologia de informática e a internet, num futuro não muito distante, todo cidadão poderá ser chamado para decidir sobre os assuntos mais importantes da comunidade, em um plebiscito eletrônico relâmpago. Não se economiza em democracia. A ditadura militar economizou bastante em democracia, mas gastou perdulariamente em projetos fantasiosos e incompetentes, além de outros crimes, que levaram o país a uma séria crise econômica.
     O riso é livre, e é a maior resistência ao autoritarismo, pois demonstra o quanto ridículo é alguém se intitular senhor do destino de todos.  Assim como foi o saudoso “O Pasquim”, durante os tempos nebulosos da finada e detestada ditadura, o riso continua sendo a luz do humor e da resistência contra os autocratas.
    Mas, apesar de qualquer semelhança ser mera coincidência; mesmo não acreditando em bruxas, “las hay!”


POLÍTICA

Todos sabemos o quanto é importante para as tradições políticas mardespanhenses; tanto a de origem pró - monarquista (antigamente denominada jagunços e atualmente baianos) quanto a de origem republicana (os antigos jacobinos atuais caratingas), a conquista e a manutenção do poder. Essa disputa é histórica e antiga, e já está associada às tradições da nossa cultura.
    Suas pretensões são legítimas, uma vez que estão constituídos como grupos políticos, legalmente registrados junto ao TSE como PMDB, PSDB ou DEM, ou outras instituições partidárias, que embora nacionalmente importantes, aqui são tidas como acessórias como PR, PTB, PV ou outros.
    Mas é importante que essas instituições também reconheçam como legítimas as pretensões de partidos independentes como PT, PCdo B ou outros de linha nitidamente socialista, que aqui só tiveram acesso à partir dos anos 80.
   Em política, é importante saber que quem tem que obter ganho político é a sociedade e não os grupos; porque quando um grupo ganha pensando somente no grupo, a sociedade pode perder como um todo.
   Os principiais ganhos sociais devem se refletir como inclusão social, maior distribuição de renda, igualdade de direitos sociais, de gênero, de raça, de opção sexual ou outros; além de ganhos em transparência pública, democracia participativa, legalidade e justiça.
   Os ganhos comunitários devem refletir uma política de eficiência na recuperação da infraestrutura, na expansão dos serviços urbanos como: calçamento, rede e tratamento de esgoto; qualidade, universalidade e melhor gerenciamento da estrutura da saúde; melhoria de qualidade e ampliação na área da educação com criação de cursos técnicos e profissionalizantes; ampliação da assistência social e o resgate da condição de pobreza, através do ensino e da oportunidade; eficiência na segurança pública; apoio ao desenvolvimento industrial, comercial e rural; alem de uma política que amplie as oportunidades dos jovens através de apoio aos esportes, às artes, letras e conhecimentos tecnológicos.
   Uma sociedade democrática deve se empenhar na defesa desses interesses, e na luta contra a corrupção, nepotismo, peculato, improbidade administrativa, sonegação, exploração social, sub-execução de obras, desvio de recursos públicos, falta de transparência púbica, ilegalidades, autoritarismos e exceções.
    Construir uma nova sociedade é antes de tudo respeitar as normas estabelecidas na sociedade vigente e abrir os olhos, ouvidos e o coração para as demandas do futuro, adaptando-se aos avanços sociais.




 Barão de Ayuruoca

Segundo o livro “Família Vidal Leite Ribeiro” de Armando Vidal Leite Ribeiro – gentilmente cedido por Jerônimo Cunha -, Custódio Ferreira Leite, o Barão de Ayuruoca era um homem simples nas letras, “de mediana cultura literária”. Apesar de sua biografia na Wikipédia citá-lo como militar, proprietário rural, bacharel em direito e político, suas correspondências apresentam o perfil de um homem de pouco domínio da língua portuguesa.
  Mas, isso não o faz menos importante. Custódio Ferreira Leite e seu tio Francisco Leite Ribeiro foram os principais homens públicos de Mar de Espanha; sendo Custódio o primeiro presidente da Câmara Municipal de Mar de Espanha. Foi também deputado pela Assembléia Legislativa Mineira, destacado homem público do Rio de Janeiro e da província de Minas Gerais. Comendador da Imperial Ordem de Cristo, recebeu o baronato por decreto de 14 de março de 1889 de D. Pedro I, por seu esforço no desenvolvimento do Vale do Paraíba.
   Fernandes Pinheiro cita-o como um abastado fazendeiro que no fim da vida deveria ter uma fortuna de milhares de contos de réis, porém, morreu pobre e onerado em dívidas. Citado como “de vida espartana, em sua vasta habitação mediocremente alfaiada, ocupava o mais pobre dos aposentos, apesar de ser generosos hospitaleiro”. Morreu em sua fazenda, Barra do Louriçal (perto de Sapucaia e a meia légua da Fazenda Louriçal, fundada por seu irmão Francisco Leite Ribeiro) fulminado de uma congestão cerebral, em 17 de novembro de 1859. Seus bens foram entregues a uma comissão liquidadora, para promover o rateio entre seus credores.
  Afonso Taunay, autor da “História do Café no Brasil- volume II, informa que no arquivo do Museu Paulista, no espólio documental do Marques de Valença existem várias cartas escritas pelo Barão de Ayuruoca. A carta escrita à seu sobrinho, o rico banqueiro Barão de Itamarandiba, aqui transcrita literalmente, mostra essa simplicidade de escrita, assim como a situação de falência do Barão de Ayuruoca.
 “Sr. Joaquim Vidal Leite Ribeiro – 29 de dezembro de 1856
  Meo sobrinho e amo. Vai a carta de resposta de seu irmão Manoel. Eu fui asidade com huma procuração deminha mulher e huma relação de dívidas seguras para mais de 500 contos além demais perdidos 160 escravos e fazenda para epotecar a algum capitalista maiz não encontrei por cauza da crise em estavão os capitalistas na corte axeu hum que me dava 50 contos anove por sento mais queria prazo 6 meses não aceitei por que elle caressia recebelos no fim de 6 mezes e o meu maior impenho era pagar a seo irmão Manoel que he quem mais metem vexado. Sevme. quiser pagar a elle o que eu dever aelle eu lhe pagando o premio a dez por 100 de seis em 6 meses eu lhe epothecarei o que quizer eprotesto ser pronto em lhe pagar os primeiros no dia de seu vencimento e logo queeu colha os 1º  caffes lhe pago tudo emesmo vendendo eu ao vigário Brito todo o dinheiro que dele receber eu dou paraesse pagamento. Se me quizer fazer esse  obsequio lhe ficarei bem obrigado que eu tenho devido muitos contos de reis nunca fuiveixado por ninguém que logo que tenho dinheiro vou pagando aquem devo sem que me pessão.
  Seu Tio, amo. e Cro.- Barão de Ayuruoca 

 Prezado Senhor Manoel Franco
Os retratos do Coronel Custódio são cópias do que está comigo datado de 1844 pintado pelo pintor italiano Corelli. Tanto a data como o nome do autor estão gravados no quadro. Existem vários por aí, todos cópias sem a identificação. Estão na Câmara dos Vereadores de Barra Mansa(doado pelo sua sobrinha-neta Eufrásia Teixeira Leite - cópia) e na Catedral de Vassouras. Os outros não conheço, mas certamente são cópias e por sinal muito bem feitas. Tinha vontade de doar o quadro que está comigo para um órgão sério que pudesse preservá-lo e num futuro dirigir o nosso Instituto. A minha preocupação é a continuação do meu trabalho - meus filhos não querem continuar a obra e muito menos ficar com o acervo que custei a colecionar. O nosso site é www.baraodeayuruoca.org e nos visite. Atualmente moro em Mato Grosso (1 ano e meio - tenho casa em Vassouras) e o Instituto continua a atuar como poderá visualizar no blog. Sou Professor da Universidade de Cuiabá no Campus da Cidade de Primavera do Leste.  
Atenciosamente
José Silvio Leite Jacome
Presidente do Instituto Cultural Barão de Ayuruoca
Obs: Atualmente estou no Rio em férias. Entre em contato.

Sugerimos à Prefeitura Municipal de Mar de Espanha que se disponibilize para acolher esse acervo. Caso haja interesse do município faremos a interligação de contato entre a Prefeitura e o Instituto Barão de Ayuruoca.


Câmara recebe obras de arte recuperadas

No dia 29 de novembro, a Câmara Municipal de Mar de Espanha promoveu uma reunião solene, para receber do Museu de Arte Murilo Mendes, da Universidade Federal de Juiz de Fora a devolução ao município das pinturas á óleo do Barão de Ayuruoca e de D. Pedro II. Os quadros estavam em restauração no Laboratório de Conservação e Restauração de Pintura e Escultura do Museu Murilo Mendes, desde o início de fevereiro de 2010, sendo recuperados em minucioso trabalho de Valtencir Almeida Passos.
   O restaurador fez uma apresentação em slides, relatando o estado das obras e as etapas da restauração
  O quadro de D. Pedro II é de autoria do pintor Joaquim da Rocha Fragoso (um dos principais retratistas da nobreza brasileira) e é datado de 1876. A pintura do quadro do Barão de Ayuruoca é de autor desconhecido e remonta ao século XIX. As molduras originais são tratadas a folha de ouro e também foram recuperadas.
   As obras já passaram por outras restaurações, sendo restauradas em 1887, na escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, mas muitas restaurações foram inadequadas.






Visconde de Taunay e os Mares de Hespanha

Na seqüência de nossas pesquisas sobre a origem do nome Mar de Espanha - cujos estudos apontam como ponto inicial a Lagoa do Boqueirão da Ajuda (hoje, o Passeio Público), situada em frente à antiga Praia Mar de Espanha, (posteriormente chamada de Praia das Areias de Espanha e Praia da Lapa), no Rio de Janeiro -, chegamos à análise de um texto do carioca, Visconde de Taunay (1843-1899).
   Em pesquisa histórica, sob o título “Retorno aos Mares de Hespanha”, lembramos dos pontos em comum entre a Lagoa do Boqueirão da Ajuda; a confluência dos rios Paraíba do Sul, Piabanha e Paraibuna e os alagados da região do Mucugê, na Chapada Diamantina. Todos eles foram chamados Mar de Espanha.
  Como citamos no artigo publicado na edição de junho de 2010, Alfredo Maria Adriano d’Escragnolle Taunay - Visconde de Taunay (bacharel em matemática e ciências naturais, engenheiro militar, político, professor, memorialista, historiador e sociólogo) -, deixa evidente o topônimo Mar de Hespanha, como associado aos alagadiços e tremedaes (terrenos pantanosos), na página 217, do seu livro “Histórias Brasileiras” (1874).
  Ora, essas características são, justamente, os únicos pontos em comum entre todos esses Mares de Hespanha, sendo que os dois primeiros, suponho que tenham dado origem ao nome de nossa cidade.
   No recorte de texto; “...de alagadiços e tremedaes, que era mesmo um Mar de Hespanha, basta dizer que do Coxim subiram mais de 3.000 homens sadios e ao Tabôco chegárão pouco...”- essa associação fica bastante clara.
  Agora, para ficar ainda mais claro a relação do Visconde de Taunay com a nossa cidade, é importante saber que ele casou-se com Cristina Teixeira Leite, sobrinha-neta de Custódio Ferreira Leite, o Barão de Ayuruoca, um dos principais fundadores da cidade de Mar de Espanha.
  
Histórias Brasileiras (1874) - Visconde de Taunay -Página 217

                                Manoel Franco
-->
-->


Retorno aos Mares de Hespanha

Na matéria “Uma nova teoria sobre a origem do nome Mar de Espanha. O Mar veio do Rio?”, publicada na edição numero 28, no mês de junho de 2007, formulei as bases da teoria que propunha a origem do primeiro topônimo “Mar de Hespanha” no Brasil. Defendia que era oriundo da Lagoa da Boqueirão da Ajuda, que formava a Praia Mar de Hespanha, junto a Baia de Guanabara, no Rio de Janeiro. Provavelmente, o nome teria sido dado entre o fim do século XVII a meados do século XVIII, e que se seria um comparativo com a relação do Mar Mediterrâneo com o Oceano Atlântico.
   Retomei a abordagem em novembro de 2007, no número 33, com o tema “Os Mares de Espanha”; em janeiro de 2008, no número 35, com o tema “Por Mares (de Hespanha) nunca dantes navegados”; em março de 2008, no número 37, com o titulo “Os Mares de Hespanha - Imagens” e em abril, no numero 38, com o titulo “Um breve passeio pela história.”.
   A teoria foi apresentada aos mais importantes historiadores cariocas da atualidade, como o Professor Nireu Cavalcante - diretor doutor da Escola de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense, o historiador carioca Milton de Mendonça Teixeira, e ao Professor Julio César Vanni, historiador de nossa região, que a consideraram “convincente”. Foi, também, incorporada ao acervo da biblioteca do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, pela gerente de pesquisa do IPLAN – Rio de Janeiro, Professora. Sandra Horta.
   O ponto comum entre os diversos topônimos “Mar de Espanha”; tanto o da Lagoa do Boqueirão da Ajuda quanto o de parte do vale do Rio Paraíba do Sul, como o da região do Mucugê, na Chapada Diamantina (Bahia) eram as áreas de confluência de águas e alagadiços. Confirmar essa relação era para mim, o único elo que faltava nessa pesquisa, até mesmo para reconhecimento do primeiro topônimo (Praia Mar de Hespanha) como associado mais à Lagoa do Boqueirão da Ajuda, do que com a Praia da Lapa, na Baia de Guanabara.
  Esse elo encontrei na página 217 do livro “Histórias Brasileiras”-uma coletânea de contos publicados em 1874. Seu autor, Alfredo Maria Adriano d'Escragnolle Taunay, foi o primeiro e único Visconde de Taunay, tendo nascido no Rio de Janeiro em 22 de fevereiro de 1843 e falecido na mesma cidade em 25 de janeiro de 1899.Bacharel em Matemática e Ciências naturais, o Visconde de Taunay foi, também, engenheiro militar, tendo combatido na Guerra do Paraguai.  Como político foi deputado, na província de Goiás, e deputado, senador e presidente da província de Santa Catarina. Presidiu também a província do Paraná. Professor, historiador, memorialista e sociólogo; foi o criador da cadeira número 13 da Academia Brasileira de Letras, da qual foi um dos fundadores. Suas obras relatam e retratam suas andanças pelo Brasil.
  No texto, parte da página 217, do livro “Histórias Brasileiras”, o Visconde de Taunay deixa bem evidente o topônimo Mar de Espanha, como associado aos alagadiços e tremedaes (terrenos pantanosos). 
   Obviamente, carioca que era, o Visconde de Taunay o teria associado aos alagadiços da Lagoa do Boqueirão da Ajuda.
   Veja a transcrição de parte do texto:
 

Bipartidarismo e seus apelidos
Jagunços e Jacobinos - II
   
     Na edição número 27, do jornal O MAR DE HESPANHA, do mês de maio de 2007, formulei a tese da origem dos nomes Jagunços e Jacobinos, como adotados pelos políticos monarquistas e republicanos em Mar de Espanha, sob influencia da Guerra de Canudos. Isso teria ocorrido a partir do ano de 1896, ponto alto do conflito,  e supomos que tenha permanecido até 1954, quando foram alterados, respectivamente, para Baianos e Caratingas.
    Conforme a tese, o nome Jagunço teria sido dado ao grupo político ligado ao Imperador Pedro II, e o nome Jacobino aos republicanos, principalmente aos partidários do ex-presidente Marechal Floriano Peixoto. Jagunço seria uma corruptela de “zarguncho”, arma do século XVI, então ainda muito usada por alguns seguidores de Antonio Conselheiro, e Jacobino referia-se aos jacobinistas da Revolução Francesa. A revolta de Canudos teria sido vista com viés pró-monarquista e a recém republica a combateu intensamente, principalmente sobre pressão dos Jacobinos, radicais opositores à nobreza.
    Já temos a tese como consolidada, e essa evidência torna-se nítida na leitura de obras como “Os Sertões” de Euclides da Cunha e “O Império do Belo Monte” de Walnice Nogueira Galvão. De certo modo, o escritor mardespanhense Nicola Falabella, também, já o intuía em sua obra “Antes que a Luz se Acabe”, quando na pagina 60, no subtítulo “O destino bate à porta”, referia-se à tensão política entre Jagunços e Jacobinos em Mar de Espanha, associando-a com a Guerra de Canudos.
    Eu considerava a nomenclatura restrita à nossa região, principalmente, à cidade de Mar de Espanha. No entanto, estudando a história da cidade de Rio Claro, São Paulo, logo no período pós Guerra de Canudos (entre 1898 a 1910) notei a adoção desses termos pelos grupos políticos antagônicos. Os membros do Partido Republicano Histórico, associados à família do Coronel Schmidt, se intitulavam Jacobinos, e os membros do Partido Republicano, associados à família do Coronel Salles, se intitulavam Jagunços. Só que nesse caso, o reflexo é puramente adesista, uma vez que ambas as correntes aderem ao republicanismo, embora mantenham o antagonismo.
   Observando a história do Brasil, vemos que a adoção de nomes populares pelos partidos não ideológicos tem origem ainda mais remota. Nos primórdios do Império encontramos esse antagonismo entre os “Exaltados” de tendência nacionalista e os “Caramurus” de tendência pró-Portugal. No Rio Grande do Sul os termos “Exaltados, Farroupilhas, Jurujubas” voltam a ser associados aos liberais, em diferentes épocas, em antagonismo aos conservadores, ditos “Caramurus” (pró-Imperial).
  No segundo reinado esse antagonismo é encontrado entre os Saquaremas (Conservadores) e Luzias (Liberais). 
  Mas, esse fenômeno de adoção de nomes populares pelos partidos conservadores não ideológicos tem reflexo, também, em épocas mais recentes, como na revolução Getulista de 1930, fim da Republica Velha e dos partidos republicanos. Em Uberlândia podemos encontrar os Cocões e Coiós, e aqui na Zona da Mata, em Miradouro temos os Goteiras e Poaias.
   Outro fator em comum, entre Uberlândia, Miradouro e Mar de Espanha, encontramos, também, em outro período dito “revolucionário”. Apesar de filiados em legendas partidárias distintas e opostas, em nível nacional, logo após o golpe de 1964, com a extinção dos antigos partidos políticos, tanto Goteiras e Poaias (em Miradouro), Cocões e Coíós (em Uberlância) como Baianos e Caratingas (em Mar de Espanha) adotaram a legenda ARENA, diferenciando-se, apenas, como Arena I e Arena II.
    Essa postura adesista reflete o mesmo fenômeno identificado em Rio Claro em 1898; que entre o bipartidarismo tradicional existe uma disputa do poder, apenas pelo gozo de seu exercício, justamente por não apresentarem nenhuma identidade ideológica.
  

JAGUNÇOS E JACOBINOS

Embora nem sempre na mesma direção, a história dos povos e a política caminham cronologicamente juntas. A pretensão dessa matéria não é discorrer sobre os episódios de Canudos já tão bem discutidos por Euclides da Cunha em “Os Sertões” ou mesmo Walnice N.Galvão em “O Império do Belo Monte”. A intenção é de apenas tentar resgatar parte da nossa história local, nesse 154 º aniversário de instalação da cidade de Mar de Espanha, estabelecendo um paralelismo histórico entre o sangrento episódio de Canudos e a nomenclatura popular de nossas tradições políticas. Como todo processo histórico Canudos foi resultado de um somatório de fatos sociais e políticos, considerando-se principalmente a famigerada seca de 1877 ocasionando grave crise econômica e social com cerca de 110 mil mortes, a libertação dos escravos em 1888 sem uma política de inclusão social dos libertos, a Proclamação da República em 1889, a separação igreja e estado com a instituição do casamento civil, o interesse dos grandes latifúndios na mão de obra barata e o messianismo religioso popular. O beato Antonio Conselheiro (líder religioso messiânico e sebastianista) aglutinou sertanejos, caboclos e negros libertos sem destino em uma comunidade autônoma no sertão da Bahia em cerca de 1893. Por seu posicionamento de resistência às mudanças da Monarquia para a Republica, por sua religiosidade revoltosa e resistência armada, a recente Republica Brasileira, pressionada pelos donos de latifúndios, enviou tropas para desbaratar a comunidade de Canudos no período de 1896–1897. Os revoltosos na maioria paupérrimos não dispunham de armamento moderno, sendo que muitos deles se defendiam com armas obsoletas como bacamartes, arcabuzes, chuços e até uma arma do século XVI chamada ZAGUNCHO e da corruptela desse nome surgiu o apelido JAGUNÇO dado aos Conselheiristas. Apesar de mal armados infligiram grandes derrotas militares ao Exercito vencendo inclusive o Coronel Moreira Cezar (o Corta-Cabeças), florianista experiente na repressão a Revolução Federalista no Sul. A base de apoio a Floriano nas Forças Armadas era uma influente força política que se intitulavam JACOBINOS, talvez em referencia aos jacobinistas da Revolução Francesa. O resto da história, já sabemos. A Republica enviou a quarta e ultima expedição com cerca de 12 mil homens que dizimou o vilarejo e pôs fim a revolta.
O paralelismo histórico e político com o nosso município se dão pela coincidência cronológica do surgimento dos dois nomes populares de correntes políticas antagônicas, ou seja, os Republicanos apelidados de JACOBINOS e os Monarquistas por referência a Canudos apelidados de JAGUNÇOS. Provavelmente esse fator Nacional tenha sido de grande impacto na política local.No período monárquico as principais correntes políticas eram os Liberais e os Conservadores. O Arraial do Cágado teve grande participação na política nacional tendo inclusive resistido a Revolta Liberal de 1842, inspirada por Teófilo Otoni. A ponte do Paraíba em Sapucaia (construída em 1839 a 1841) foi guarnecida por 150 homens liderados pelos então Coronel Custódio Ferreira Leite e Capitão Francisco Leite Ribeiro. Essa ação deixou livre para a Corte a passagem para as forças da Coroa o que foi fator de grande importância para o sufocamento da Revolta Liberal. Nove anos depois o Governo transferiu a sede da Vila de São João Nepomuceno para o Arraial do Cágado, nascendo o município de Mar de Espanha em 1851. Talvez por essa forte identidade histórica com o Brasil Imperial e por ter vivido com muita sensibilidade a transição para a República, a cultura popular Mardespanhense tenha assimilado o conflito de Canudos e a República em seu ideário político.

Manoel Franco

Por Mares (de Hespanha) nunca dantes navegados

Nossas pesquisas sobre a origem do topônimo Mar de Espanha, finalmente conseguiram unificar uma teoria, que pretende esclarecer um mistério de quase quatro séculos para a cidade do Rio de Janeiro e de mais de dois séculos, para a região do Sertão do Mar de Espanha, no vale do Rio Paraíba do Sul, no estado do Rio de Janeiro, assim como, para a cidade de Mar de Espanha em Minas Gerais, além de indicar a origem da Lagoa do Mar de Espanha, na Chapada Diamantina (Bahia) na primeira metade do século XIX.
Segundo a nossa teoria, o primeiro topônimo teria surgido ainda durante o período regencial da União Ibérica (entre 1580 e 1640), sendo dado à Lagoa do Boqueirão da Ajuda, que compreendia a área do atual Passeio Público e parte da rua Augusto Severo, no bairro da Lapa. Supostamente, o nome teria origem popular de um comparativo jocoso, pela similaridade (proporcionalmente reduzida) entre a relação do Mar Mediterrâneo com o Oceano Atlântico; e a Lagoa do Boqueirão da Ajuda com a Baia de Guanabara.
Em 1681, Garcia Rodrigues Paes descobriu um remanso no Rio Paraíba do Sul e em 1683 lá estabeleceu a Fazenda dos Garcias, onde iria originar a cidade de Paraíba do Sul. Próximo a essa região, na confluência dos rios Paraibuna e Piabanha com o Paraíba do Sul, teria surgido no século XVIII, a extensa região do sertão do Mar de Espanha, seguindo o curso do rio, talvez até próximo à Além Paraíba.Provavelmente teria recebido esse nome por alguma referência ou semelhança com a Lagoa do Boqueirão, no local da confluência dos rios. Durante o ciclo do ouro (1643 a 1763), Garcia Rodrigues Paes deu início à construção do Caminho Novo, em 1699, ligando Cava, no Rio Iguaçu (fundo da Baía de Guanabara) através da Serra dos Órgãos, passando por Paraíba do Sul, em direção às minas de ouro de Minas Gerais.
No Cais da Glória, no Rio de Janeiro, em 1771, foi estabelecida uma feira onde eram aportados ou conduzidos em lombos de burros, e comercializados, os diversos produtos comestíveis, oriundos dos sertões fluminenses e mineiros.
Entre 1779 e 1783, a Lagoa do Boqueirão da Ajuda, cuja relação com a Baía de Guanabara, na cidade do Rio de Janeiro, formava o Mar de Espanha, foi aterrada para a construção do Passeio Público. Como desapareceu o Mar (Lagoa do Boqueirão), a praia passou a chamar-se Das Areias de Espanha, nome que se manteve até o século XIX, quando passou a ser chamada de Praia da Lapa. Muito próximo ao local ficava o Outeiro da Glória, em cuja igreja a família real realizava suas festas sociais, como casamentos e batizados, e de cuja vida social o Barão de Aiuruoca – Custódio Ferreira Leite (1782 a 1859) e outros nobres e barões do café freqüentavam. No mesmo local e proximidades foram construídas mansões dos primeiros barões do café no Rio de Janeiro.
Com a expansão do ciclo do café pelo vale do Rio Paraíba do Sul, (trazido para o Rio de Janeiro em 1760), em 1812 teve início a distribuição de sesmarias nas matas proibidas de Minas Gerais, atingindo os sertões do Mar de Espanha em 1818. Em 1845, na região já existia a Fazenda Mar de Espanha, administrada pelo Capitão Luiz Antonio da Silva Braga. A região que viria ser a região de Chiador, em Minas Gerais, em 1845 já era chamada de Santo Antonio do Mar de Espanha.
Em 1844, começaram as lavras diamantinas em Mucugê, na Bahia. A região próxima do local da confluência dos rios Paraguaçu e Cumbucas recebeu também o nome de Lagoa do Mar de Espanha, talvez pela semelhança com a confluência dos rios Paraibuna e Piabanha com o Paraíba do Sul. Supomos que o nome tivesse sido levado à Bahia por algum ex-minerador de ouro, o que talvez indicasse que o nome do sertão do Mar de Espanha poderia ter surgido ainda no ciclo do ouro, anterior ao ciclo do café.
Em 1851, com a transferência da sede da Vila de São João Nepomuceno para o Arraial de Nossa Senhora das Mercês do Cágado, o mesmo foi elevado à vila e passou a denominar-se Nossa Senhora das Mercês do Mar de Espanha e, posteriormente, Mar de Espanha, a pedido do Barão de Aiuruoca, junto ao Imperador Pedro II.
Outros mares, ainda há por navegar, como a antiga Fazenda Mar de Espanha instalada talvez em 1891 na cidade de Bocaina, em São Paulo, mas sua influência provavelmente teria sido da primeira fazenda no sertão do Mar de Espanha.
De qualquer forma, não me parecem mais insondáveis esses mares, que já antes houvera eu navegado, tanto por ter morado na rua Augusto Severo, pelas minhas saudades do bairro boêmio da Lapa, quanto pela minha infância nascida e vivida em Mar de Espanha, que agora volto a curtir na minha idade madura. Navegar é preciso...

Manoel Franco
Transparência e liberdade de imprensa!

Era de se esperar que qualquer vereador, depois de 81 dias de férias (o longo período que durou o recesso da Câmara Municipal) voltasse ansioso para apresentar algum projeto de interesse público. Diversos vereadores até o fizeram, propondo melhorias em ruas e logradouros, mas um deles - o qual deixamos de declinar o nome para não premiar o seu mau exemplo - usou o seu tempo unicamente para ofender e ameaçar a imprensa livre do município.
   O vereador, que já é conhecido pelo modo autoritário, nada sóbrio e incompatível com o decoro parlamentar, com que ataca as mais respeitáveis instituições do município (como a polícia, a imprensa e outras.) voltou sua ira contra a única presença no auditório da Câmara, o nosso repórter.
    Numa flagrante quebra de decoro parlamentar, afirmou de modo irresponsável, que o jornal “comprou” matéria de um servidor público sobre o caso de uma Kombi Escolar que perdeu a porta, e não satisfeito, apontou o dedo para o nosso repórter, exigindo calar à imprensa, acusando-o e o ameaçando de expulsar da Câmara Municipal. Afirmou que o caso poderia desestabilizar o governo municipal, e outras tolices das mais estapafúrdias, proferindo bazófias, carocas e impropérios contra o repórter.
     Apesar de reconhecer, admirado, a nossa eficiência por estar presente nos momentos exatos em que ocorrem os eventos (como estivemos, também, no incêndio na Balança, num dia de carnaval; ou quando notamos servidor público trafegando perigosamente na caçamba do caminhão do lixo, há menos de um mês da morte de outro servidor em idêntica situação) achou que fosse essa uma prova de nossa intervenção no fato.     
    Investigar esses casos é função de todo vereador, que é pago pela sociedade para legislar e fiscalizar. Essa sim, é a função do vereador, e não, atacar a imprensa livre que presta relevantes serviços à sociedade, fazendo gratuitamente o serviço de fiscalizar e informar.    
   Nossa preocupação sempre será com relação à segurança das pessoas, e se reportamos o fato, foi cumprindo o nosso dever social de proteger a vida de nossas crianças, e não para derrubar governos. Vivemos numa sociedade democrática, onde governos não caem como uma porta de Kombi. Governos vêm e governos vão; mas a responsabilidade pela segurança de todos e principalmente das crianças, sempre ficará como nossa preocupação. Preocupação que deveria ser também do vereador, que poderia ter usado pelo menos um, de seus 81 dias de férias para vistoriar os veículos escolares.
    Ora, assim como o coveiro só enterra e não é a morte; a policia só prende e não é o crime; o religioso só perdoa, e não é o pecado; o político só exerce sua função pública e não é o nepotismo ou a corrupção; do mesmo modo a imprensa só noticia, e não é o fato.
      Nós procuramos estar presentes nos momentos exatos dos eventos, e contamos com o apoio e parceria da comunidade, que nos alerta sobre eles. Procuramos nos fazer “fiéis depositários” dessa expectativa pública, não medindo esforços para nos deslocarmos de pronto para os locais dos eventos, apesar dos nossos limitados recursos. Isso se chama compromisso público e responsabilidade social, coisa que todo agente político, também, deveria ter com a sociedade que lhe concede mandato e paga o seu salário.