Bom até debaixo d’água.
50 Anos de Zé Pereira
O muito merecido tema do Carnaval 2011 deixa a esclarecer que os 50 anos são do Zezinho Pipoqueiro na condução do Zé Pereira, pois o tradicional bloco tem, provavelmente, mais de 100 anos, tendo surgido em Mar de Espanha no fim do século XIX.
A decoração novamente à cargo de Roberto Mendes enfatiza o tema, e como novidade, além dos três portais da Praça Barão de Ayururoca decorou também diversos trechos da Avenida Bueno Brandão.
Sexta-Feira – 4 de março
Sob uma garoa fina, parece que, na abertura, deu a louca no folguedo, talvez por alguma falha na organização geral.
Zezinho atrasou um pouco porque faltou transporte para a bateria. O bloco ia saindo sem ele, voltou para pegar o Zezinho, e saiu novamente com quase meia hora de atraso. Por sua vez, a Rainha do Carnaval abdicou inesperadamente, deixando o Rei Momo desfilando solitário. Mas, isso não tirou o brilho da festa, carnaval é improviso e criatividade e foi assim desse modo, que o pessoal não errou o passo, nem deixou a bateria atravessar.
Já quase na chegada do Zé Pereira à praça, outro fato inesperado: o Bloco Papaléguas, chegou com meia hora de antecipação, antes das 23h, e já evoluía na praça, o que levou o Zé Pereira a parar e esperar.
O Papaléguas fez seu desfile sob uma chuva de papel prateado, com muita animação e ao som do DJ Micareteiro, mas não pôde ficar por muito tempo, pois o Zé Pereira já estava muito próximo.
O Zé Pereira entrou na praça, aclamado pelos foliões, e Zezinho sorridente assumiu sua coroa de rei. O prefeito Marcilio Pacheco fez a entrega da chave da cidade para o Rei Momo (Roberto Mendes) que decretou a abertura da folia. Em seguida, Zezinho subiu ao palco, acompanhada da mulinha do Carioca. Zezinho foi aclamado pelos foliões aos gritos de: “Ei... ei... ei... Zezinho é o nosso rei.” O folião Jorge tomou o microfone e fez seu improvisado elogia a Zezinho.
O Bloco do Além, também originário do fim do século XIX a inicio do século XX primou pela beleza das fantasias e maquiagem, essa última, obra de Deivide Medeiros e equipe. O boco entrou na praça, por volta de meia noite arrastando figuras do céu e do inferno, e animada pela Banda Furiosa. Um caixão, carregado pelos foliões, foi levado ao palco e quando aberto lançou ao público sacos de pipoca. Como novidade o bloco promoveu maquiagens e distribuiu refrigerantes, pipoca, picolé e adereços aos foliões.
Diversas fantasias foram premiadas como: a Bruxinha (Luisa), a Noiva morta (Juliana), Zumbi (Rafael) e a Palhacinha (Conceição)
A animação no final da noite foi feita pela Banda Fattu’s.
Sábado - 5 de março
Pra’ variar, o inesperado acontece novamente. Aguardado na praça, o Bloco em Cima da Hora não apareceu. Só a garoa não deixou de se fazer presente e permanente. O banho de espuma agitou as crianças e os foliões mais animados.
Enquanto isso, o DJ Anderson foi animando a galera. Na concentração – esse ano foi armado um toldo para os foliões curtiram a festa- o Bigode se esbaldava ao som de potentes caixas de som, lançando luzes de holofotes para o céu.
Por volta de 11h30 o Bloco do Bigode – com quase dois mil foliões – entrou na praça. O bloco evoluiu com muito agito ao som do DJ e cortina de fumaça.
A chuva continuou e apertou pelo noite afora, mas a galera não arredou pé e continuou a dançar a noite toda ao som da banda.
Domingo – 6 de março
Ao entardecer, ainda sob uma garoa permanente, com ligeiros intervalos, as crianças brincaram no banho de espuma, e logo depois começou o baile infantil, ao som da Banda Zumbaia. Fadas, piratas, odaliscas e super-heróis, super produzidos pelas mães, fizeram a festa das crianças.
Uma boa surpresa veio da Rua Miranda Manso (antiga Rua das Flores). O Bloco Empurra que Pega, formado por moradores, visitantes e familiares de um dos antigos organizadores do Zé Pereira – Joel Lopes -, formaram o bloco, retomando os tradicionais bonecos confeccionados por Joel. Na concentração, Joel chegou a vestir o boneco, e ainda fez algumas evoluções.
O bloco desfilou ao som da Banda Furiosa e evoluiu pela praça, por volta das 21h, acompanhado da banda, do boneco e de um inesperado pingüim.
O Bloco da Alegria concentrou-se no Beco do Vivico ao som do carro do Ângelo, e por volta das 22h30 desfilou pela praça sob a chuva de papel prateado de Elise. O Bloco – formado principalmente por grupos do terceira idade -, evoluiu ao som de marchinhas e sambas carnavalescos tradicionais.
Por volta das 24h o Bloco do Caipirinha, com mais de dois mil integrantes, entrou, animadamente, pela praça, ao som do DJ Anderson e sob chuva de papel prateado. Do “pirulito” (poste central) às laterais, a praça fora decorada com faixas, nas cores do arco-íris. Os foliões lotaram a praça, que continuou cheia o resto da noite, dançando sob chuva e ao som da Banda Fattu’s.
Segunda feira - 7 de março
O Bloco do Extintor subiu a Av. Bueno Brandão, puxado pela moto com o extintor - símbolo do bloco.
Os foliões entraram na praça, por volta das 19h, e as crianças saíram do banho de espuma para subir no carrinho do extintor. A galera curtiu ao som da Banda Furiosa, que animou a evolução do bloco.
Após o desfile do Extintor, a Banda Furiosa homenageou Zezinho Pipoqueiro, que havia estacionado sua TL “Lata Velha” na avenida. A banda tocou “parabéns prá você” e o “hino do Botafogo” – time para o qual torce o carnavalesco. Zezinho recebeu muitos abraços e beijos e fotografou com foliões e a Banda Furiosa.
Por volta das 22h, o Zé Pereira concentrou-se em frente o Escaladinha, onde foram se juntando foliões de diversos blocos como; Bloco Vista Alegre (RJ), Bloco Santa Efigênia, Bloco da Lurdinha, Bloco da Alegria, Bloco dos Palhacinhos e Bloco da Gema, à proporção que desfilava. Outros foliões fantasiados de mulinhas, gorilas, nêga-malucas, bonecos, pierrots, chapelões da mala e até o “bonde sem freio” da Gema, que formaram o Bloco Vai quem Quer.
Na praça, chamado ao palco, Zezinho organizou a área invadida por outras pessoas, fez a apresentação e homenageou os foliões e a bateria - classificada por ele como “nota 11”. Por sua vez, foi homenageado, recebendo das mãos do prefeito Marcilio Pacheco a medalha Barão de Ayuruoca e uma foto sua, coroado de rei. Foliões e a bateria aplaudiram o carnavalesco, muito emocionados. Do Mirante de Santa Efigenia, uma salva de fogos salvou o Rei Pipoqueiro.
Logo em seguida, o Bloco do Bicho Papão subiu a avenida. A praça fora decorada por Marcos ABC com um balão dirigível e balões vermelhos em forma de coração. O bloco entrou na praça puxado pelo boneco do Bicho Papão (demônio da Tasmânia). Os balões foram jogados do alto e os foliões os assumiram como adereços de mão. O bloco empolgou o público que dançou ao som do DJ, e jorros de papel prateado e fumaça.
No show da noite, parece que a Banda Salamandra esqueceu que era carnaval, e quase estraga a noite, com um repertório chato e inapropriado. Por sorte, os foliões estavam muito “zen e relax” com a trégua dada pela chuva, e não arredaram o pé da praça.
Terça feira – 8 de março
Ao entardecer as “piranhas” concentraram-se no Largo do Rosário. As fantasias destacavam-se, tanto pelo luxo, pela criatividade individual como coletiva. A irreverência era a tônica da folia. Pela inventividade destacavam-se; o grupo “Lambichão o Rei do Cagaço e a Maria Bixita.” e o “Transformer Gay”. Outros trabalhos de grupo como “ O Bonde sem Freio” de Petrópolis e “Fugidinha com Você” mostravam-se muito animados no conjunto. Dos individuais destacam-se; a”Nega Maluca” “Eriveltinho”, “Marcela Themer”, “Mulher Maravilha” além da dupla “Dão e Claudinho” .
As crianças também se destacaram na folia, com grupos como “Mulheres Frutas” ou individuais como “Tatiane”.
O Bloco desfilou do Rosário à Praça, puxado pela moto alegórica decorada e com as “Piranhas Hours Concours”; seguida da carrocinha puxada por jegues, do “Lambichão o Rei do Cagaço” e mais de uma centena de “Piranhas”, além de outros foliões.
Na praça o grupo fez evoluções e apresentações individuais no palco, onde foram avaliados, com distribuição de prêmios em cervejas e refrigerantes doados pelo comércio local.
Logo em seguida, a Banda do Mel circundou o conjunto do parque, e entrou pelo lado direito da lateral da praça, puxado pela “Abelhinha”, que de uma torneirinha, servia os foliões com uma deliciosa batida. Fechando o cortejo, a Banda Furiosa tocava marchinhas e sambas carnavalescos. O bloco circulou pela praça e, logo após, retirou-se em direção ao Largo do Rosário.
Por volta das 24h, o Bloco do Azul e Branco subiu a avenida. O bloco decorara a praça com postes com estandartes em azul e branco, e um boneco de plástico do Coelho Pernalonga. Por alguma razão o coelho estava vazio quando o bloco chegou á praça, portando balões azuis como adereço de mão e muita empolgação. O bloco foi recebido com chuva de papel prateado e fogos de artifício.
Para o baile da noite a Banda Salamandra fez um show monótono, que só empolgou aos foliões em raríssimos momentos.
Às 7h30 da manhã da quarta-feira de cinzas, a Banda Furiosa puxou o Bloco da Taioba, saindo da praça. Muitos foliões levavam folhas de taioba, tradição retomada nos últimos anos, dançando com a banda, até ao Largo do Rosário, onde encerraram a folia.
A empolgação, criatividade, irreverência, alegria e tranqüilidade com que os foliões conduziram esse carnaval, apesar de muitos dias chuvosos, demonstra que o carnaval mardespanhense continua ótimo “até debaixo d’água”.
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